By Mariyah
Sai de São Paulo na madrugada do dia 23 para o dia 24 de outubro de 2008, com a Carol como companhia. Eu ainda não estava cem por cento certa de que estava certa (rs), mas fui... Para minha família, avisei poucos dias antes que haveria a possibilidade de ir até Lahore. Medo total dos surtos psicóticos da minha mãe e que estes a levassem a interditar Guarulhos para que eu não saísse do país (rs). Ela ensaiou um drama, mas no fim se resignou. Fui.
Horas e horas de viagem (são cerca de 15, depois da 10a. hora você pensa em abrir a porta do avião e se jogar, pelo menos eu que sou ansiosa e claustrofóbica pensei, tamanho o desespero master e o tédio... Carol dormia tranquilamente...aff), chegamos em Dubai. Que legal, que legal! A sensação era ótima. Olhei para o relógio e a primeira coisa que me veio à cabeça foi: Nossa, agora só duas horas de fuso nos separam. Me despedi da Carolzinha que de lá seguiria direto pra Islamabad e segui em direção ao desembarque. Minha amiga me aguardava. Fomos direto pra casa e eu no caminho olhava aquele mundo tão estranho e diferente do meu. Mooooooooontes de asiáticos, moooooontes de homenzinhos árabes com suas túnicas brancas e paninhos vermelhos e pretos na cabeça (o lencinho fashion que até pouco tempo a gente pendurava no pescoço por aqui) e mooooooontes de women in black. Na ida do aeroporto até a casa da minha amiga, já puder ter uma idéia do que era aquele lugar, tantos, mas tantos prédios, que se todos eles fossem completamente habitados conclui que logo Dubai seria uma coisa bem próxima de Pequim, entupido de gente, mas nada... as pessoas investem, investem e investem em imóveis lá...e ainda não entendi o porquê (agora depois da crise, entendo muito menos o que diabos se passava na cabeça desse povo trilhardário).
No dia que cheguei fui direto para uma festa com brasileiros e, nos dias que se seguiram, praia, compras e baladas (e mais baladas). O lugar é divertido, mas são tantas as restrições que se torna curioso. Ocidentais se enfiam em lugares específicos pra fazer aquilo que aqui vemos em todos os lugares, mas que lá é o mais absoluto atentado a ordem e aos bons costumes. Manifestações de afeto em público, roupas demasiado curtas (A Geisy aqui foi ofendida? Embora não conheça as leis de lá, tenho até dó do que aconteceria se ela saísse pelas ruas mostrando a bunda... se turista, obviamente deportada; se local, tadinha...), bebidas alcoólicas na rua... Isso não pode. Os hotéis são o paraíso dos turistas, lá pode...quase tudo. Biquíni, bebidas alcoólicas, pode e pode. Baladinhas à noite, gente jovem, bonita e sensual, putas russas, árabes pseudo-religiosos, machistas e tarados, tudo isso você via, mas ainda a restrição sobre pegação pesava. Conheceu um carinha, gostou, quer dar uns beijinhos? Pule etapas e vá direto ao quarto, porque na pista de dança ou no bar, nem pensar. A não ser que você queira ser convidado a se retirar pelo segurança. Então era assim: estranho. Demora um tempo até você absorver tantas contradições.
Gente mal educada, inglês tosco, gente querida, táxi baratinho, shopping centers e mais shopping centers, camelinhos, calor, comida árabe, mercados... meu dia a dia lá. Encontrei amigas fofas, fui ao show do Brad Pitt indiano Shahrukh Khan (ou algo parecido)... Esse show foi uma comédia a parte. Centenas e mais centenas de indianos e nós duas (eu e minha amiga fofa), branquinhas e sorridentes, no meio deles. Afff Éramos atração pré- show. Acho que nunca fui antes tão encarada na vida. Sem falar nas abordagens dos “garbosos” jovens indianos (como tão bem define os mesmos a companheira de infortúnio)... que que foi aquilo? Acho que aguentamos uns 30 minutos e nos mandamos, era too much mergulho cultural pra quem tava acabando de chegar por aquelas bandas... (rs)
Os dias passaram, impiedosamente. Do Brasil a família pedindo pelo amor de Deus que eu recapitulasse enquanto que minha amiga brasileira em Dubai me narrava as situações mais escabrosas para me convencer a ficar: “amiga, imagina se explode tudo, se você morrer ainda vá lá, mas imagina se ficar mutiladinha”, “sua louca, como que você vai circular por lá, e se te tacarem um ácido na cara”, “se acontecer qualquer com você lá, EU NÃO VOU TE BUSCAR (com voz grave de ameaça (rs))”. E eu que já não tava tão confiante, quase não dormia de estresse... Há poucos dias da periclitante viagem ao Paquistão, vim então a descobrir que saindo dos Emirados, não poderia retornar com meu visto de visitante. Foi um drama! Como assim? Que que eu ia fazer? Não vai, diziam todos! Quase tive um troço! Virou ponto de honra, ou eu ia ou morria. Comecei a ligar atrás de informações e ir nos lugares onde supostamente informavam sobre os vistos, foi um sem fim de contatos que me consumiram quase dois dias em Dubai, uma tristeza. Nem uma boa alma me dava uma informação correta e completa. Invariavelmente me desligavam o telefone na cara, diziam que não sabiam a informação ou, como aconteceu com os árabes que ficam na imigração no aeroporto, simplesmente me ignoravam. Reunindo o quebra-cabeça de informações que eu tinha, eu saía de Dubai e meu visto de visitante era cancelado, e não havia a possibilidade de tirar um outro visto em menos de um mês. Eu poderia ter sim um visto de trânsito, pra ficar até noventa e seis horas em Dubai e deixar os Emirados neste prazo máximo. Mas, meu problema é que todas as minhas passagens estavam com datas pré-definidas e minha idéia era ficar pouco mais de cento e vinte horas em Dubai na volta. Me falavam que exceder o prazo das noventa e seis horas implicaria em multas e black-list (três anos sem poder entrar no país). Tentei alterar as datas das passagens, avançar em um dia a ida e a volta do Paquistão. Não tinha jeito, sem vagas, só se e ficasse em Lahore até a véspera do meu embarque pra o Brasil e só retornasse a Dubai por algumas horas. Sem chances! Eu queria conhecer melhor Dubai e definitivamente não pretendia me arriscar por mais do que três dias no Paquistão. Foi quando conversei com a Cintia, brasileira casada com um paquistanês que mora em Lahore, e expliquei a situação difícil em que me encontrava... foi quando vi como eram essenciais bons amigos e muita vontade. É a velha estória: “quando se quer muito algo, o universo conspira a seu favor”. Coincidentemente, o marido dela estava lá na mesma época, e o guri foi muito gente boa. O cunhado que mora lá com a irmã dele é empresário e tem contatos com empresas de origem paquistanesa com filiais em Dubai. Resumo da ópera: descolei um visto de entrada para Dubai de TRABALHO! (rs) Essas pessoas foram absurdamente gentis comigo. Quando eu penso que pude contar com o apoio de gente que não me conhecia pessoalmente, mas que fez de tudo para que eu me sentisse bem e segura volto a ter esperanças na humanidade. (rs) Pode parecer piegas, mas com tantos conflitos que existem por questões culturais e religiosas no mundo, é legal saber que existem sim muitas pessoas legais, dos mais variados lugares, costumes, que superam as diferenças e olham o outro literalmente como “o próximo”. Eu me senti acolhida.
Alguns dias antes de eu viajar, o marido da Cintia veio me buscar pra resolvermos a questão do visto. Nos encontramos, 'viajamos' até um emirado próximo onde moravam seus parentes, Sharjah (um lugarzinho quente pra c@#$%&%, que segue estritamente os costumes islâmicos – não tem tanta abertura como Dubai -, cheinho de gente esquisita (rs), com ruas de areia e prédios antigos onde as pessoas moram apinhadas). Depois de cerca de uma hora de estrada, milhões de pedágios e paradas em lugares que eu não saberia definir, chegamos em Sharjah, paramos em um shopping center lindo, que contrastava com toda paisagem ao redor e compramos Mc Donald´s pra comer com toda a família... ahn? Pois é, de lá fomos ao apartamento da irmã e do cunhado, uns fofos, com duas crianças paquistanesinhas lindas, fofas e espertíssimas. Na entrada dou de cara com um senhor de barba longa e laranja, que me olha com espanto (cada uma! E eu que sou esquisita!?). Imediatamente, me arrastam pra dentro do quarto, onde eu fico brincando com uma das crianças e conversando com a mulher. Depois de algum tempo me chamam pra almoçar na sala. O velho tinha ido embora e, pelo que entendi, era um scholar dando aulas sobre o Corão para a menina mais velha. Sentei pra comer com as crianças, quando de repente a porta do quarto se abre, num primeiro momento não notei, só depois que percebi que havia uma webcam apontada em minha direção, simplesmente registrando eu comer... quase tive um troço. Tenho pavor de ser observada, ainda mais comendo... aff Vem a cunhada da Cintia sorrindo me explicando que a mãe, no Paquistão, estava querendo me ver e que, portanto, ele havia ligado a câmera para que a curiosa senhora apreciasse a visão. Engasguei... respirei fundo, olhei pra webcam, sorri, dei tchauzinho e relaxei... Meu lema é: tá no inferno, abraça o capeta... bem, durante essa viagem tivemos que nos confraternizar bastante (rs). No fim das contas foi um dia inusitado, maravilhoso e incrivelmente divertido. Conheci um outro emirado – Ajman -, onde fumei sheesha num café árabe ao lado de uma mesquita linda e onde pude observar alguns 'clubes' frequentados por muçulmanos “não muito ortodoxos”, que são tolerados na região. Morri de calor dentro de uma lan house no meio do deserto, cujo dono desligava o ar-condicionado a cada 10 minutos ligados e mantinha desligado por mais 30 minutos até que o local virasse um forno, porque queria economizar na conta de eletricidade. Resolvi minhas pendengas com a imigração e consegui meu visto bonitinho de trabalho. Fiz compras no mercado indo-paquistanês local. Jantei num restaurante libanês delicioso na estrada para Dubai (graças a deus consegui me concentrar na fome e não fiquei imaginando a cozinha) e, por fim, conheci um casal de amigos da família, que morava num prédio cujo elevador era à manivela e sem porta... aventura, aventura! Ahhh, e quase esquecendo, conheci também os vizinhos indianos da família da Cintia, que comemoravam o Diwali (festival das luzes)... bando de mulheres tagarelas e simpáticas que me ofereceram um biscoito em forma de estrela de gosto indefinido e um copo com um líquido rosa que imaginei ser “quick, faz do leite uma alegria” que coloquei pra dentro e quase coloquei pra fora quando senti dezenas de macarrões transparentes sambarem na minha língua... realmente passei mal quando me informaram: leite de rosas (juro que eu pensava que isso era creme de limpeza pro rosto! * choro*). Enfim, voltei pra casa cansada e feliz. Minha amiga surpresa de me ver viva. (rs)
Embarquei para Lahore na noite do dia seguinte. Não sem antes passar o dia entre ocupada com os últimos preparativos e num estado lamentável de nervos, pensando em todas as desgraças que poderiam acontecer e refletindo sobre o choque cultural que eu havia vivenciado no dia anterior e que trauma maior eu ainda estaria por enfrentar (rs). Durante o dia falei com ele algumas vezes... diferentemente de sempre não conseguia encerrar as conversas com um tranquilo “eu te amo”, era sempre com um perturbador “eu AINDA te amo”... muito medo de deixar de amar, assim, instantaneamente, na hora que o olhasse nos olhos... e tal medo só não era maior que o medo de que a recíproca fosse verdadeira. Sair da idealização era um passo importante, mas nada fácil... E assim, no dia 30 de outubro, às 11.30 da noite eu embarcava pra Lahore. Como nada na vida pode ser fácil, nem preciso dizer que foi uma verdadeira maratona...literalmente...chegando no check in sabe-se lá o motivo, me deixaram esperando cerca de uma hora, depois de terem embarcado as minhas malas, quando eu já estava entrando em desespero com medo de perder o vôo, me chamaram pra entregar o cartão de embarque, depois de uma fila quilométrica pra passar no raio-x foi que me dei conta que o meu portão era o 200 e tralalá e eu me encontrava no marco 0 daquele aeroporto gigantesco, corri, corri com toda a energia que me restava... de vestido, sandálias, uma bolsa mega pesada e quilos de panos sobre os ombros... depois de 15 a 20 minutos correndo insanamente, cheguei ao embarque, com as portas do avião quase fechando, eu quase desmaiando, vermelha, encharcada de suor, nauseada, dolorida e sem um pingo de forças para sequer praguejar...em 10 minutos o avião decolava rumo a Lahore...fiquei em êxtase quando cerca de duas horas depois li Cabul na tela de acompanhamento do vôo... chegaria a Lahore em pouco tempo...
Horas e horas de viagem (são cerca de 15, depois da 10a. hora você pensa em abrir a porta do avião e se jogar, pelo menos eu que sou ansiosa e claustrofóbica pensei, tamanho o desespero master e o tédio... Carol dormia tranquilamente...aff), chegamos em Dubai. Que legal, que legal! A sensação era ótima. Olhei para o relógio e a primeira coisa que me veio à cabeça foi: Nossa, agora só duas horas de fuso nos separam. Me despedi da Carolzinha que de lá seguiria direto pra Islamabad e segui em direção ao desembarque. Minha amiga me aguardava. Fomos direto pra casa e eu no caminho olhava aquele mundo tão estranho e diferente do meu. Mooooooooontes de asiáticos, moooooontes de homenzinhos árabes com suas túnicas brancas e paninhos vermelhos e pretos na cabeça (o lencinho fashion que até pouco tempo a gente pendurava no pescoço por aqui) e mooooooontes de women in black. Na ida do aeroporto até a casa da minha amiga, já puder ter uma idéia do que era aquele lugar, tantos, mas tantos prédios, que se todos eles fossem completamente habitados conclui que logo Dubai seria uma coisa bem próxima de Pequim, entupido de gente, mas nada... as pessoas investem, investem e investem em imóveis lá...e ainda não entendi o porquê (agora depois da crise, entendo muito menos o que diabos se passava na cabeça desse povo trilhardário).
No dia que cheguei fui direto para uma festa com brasileiros e, nos dias que se seguiram, praia, compras e baladas (e mais baladas). O lugar é divertido, mas são tantas as restrições que se torna curioso. Ocidentais se enfiam em lugares específicos pra fazer aquilo que aqui vemos em todos os lugares, mas que lá é o mais absoluto atentado a ordem e aos bons costumes. Manifestações de afeto em público, roupas demasiado curtas (A Geisy aqui foi ofendida? Embora não conheça as leis de lá, tenho até dó do que aconteceria se ela saísse pelas ruas mostrando a bunda... se turista, obviamente deportada; se local, tadinha...), bebidas alcoólicas na rua... Isso não pode. Os hotéis são o paraíso dos turistas, lá pode...quase tudo. Biquíni, bebidas alcoólicas, pode e pode. Baladinhas à noite, gente jovem, bonita e sensual, putas russas, árabes pseudo-religiosos, machistas e tarados, tudo isso você via, mas ainda a restrição sobre pegação pesava. Conheceu um carinha, gostou, quer dar uns beijinhos? Pule etapas e vá direto ao quarto, porque na pista de dança ou no bar, nem pensar. A não ser que você queira ser convidado a se retirar pelo segurança. Então era assim: estranho. Demora um tempo até você absorver tantas contradições.
Gente mal educada, inglês tosco, gente querida, táxi baratinho, shopping centers e mais shopping centers, camelinhos, calor, comida árabe, mercados... meu dia a dia lá. Encontrei amigas fofas, fui ao show do Brad Pitt indiano Shahrukh Khan (ou algo parecido)... Esse show foi uma comédia a parte. Centenas e mais centenas de indianos e nós duas (eu e minha amiga fofa), branquinhas e sorridentes, no meio deles. Afff Éramos atração pré- show. Acho que nunca fui antes tão encarada na vida. Sem falar nas abordagens dos “garbosos” jovens indianos (como tão bem define os mesmos a companheira de infortúnio)... que que foi aquilo? Acho que aguentamos uns 30 minutos e nos mandamos, era too much mergulho cultural pra quem tava acabando de chegar por aquelas bandas... (rs)
Os dias passaram, impiedosamente. Do Brasil a família pedindo pelo amor de Deus que eu recapitulasse enquanto que minha amiga brasileira em Dubai me narrava as situações mais escabrosas para me convencer a ficar: “amiga, imagina se explode tudo, se você morrer ainda vá lá, mas imagina se ficar mutiladinha”, “sua louca, como que você vai circular por lá, e se te tacarem um ácido na cara”, “se acontecer qualquer com você lá, EU NÃO VOU TE BUSCAR (com voz grave de ameaça (rs))”. E eu que já não tava tão confiante, quase não dormia de estresse... Há poucos dias da periclitante viagem ao Paquistão, vim então a descobrir que saindo dos Emirados, não poderia retornar com meu visto de visitante. Foi um drama! Como assim? Que que eu ia fazer? Não vai, diziam todos! Quase tive um troço! Virou ponto de honra, ou eu ia ou morria. Comecei a ligar atrás de informações e ir nos lugares onde supostamente informavam sobre os vistos, foi um sem fim de contatos que me consumiram quase dois dias em Dubai, uma tristeza. Nem uma boa alma me dava uma informação correta e completa. Invariavelmente me desligavam o telefone na cara, diziam que não sabiam a informação ou, como aconteceu com os árabes que ficam na imigração no aeroporto, simplesmente me ignoravam. Reunindo o quebra-cabeça de informações que eu tinha, eu saía de Dubai e meu visto de visitante era cancelado, e não havia a possibilidade de tirar um outro visto em menos de um mês. Eu poderia ter sim um visto de trânsito, pra ficar até noventa e seis horas em Dubai e deixar os Emirados neste prazo máximo. Mas, meu problema é que todas as minhas passagens estavam com datas pré-definidas e minha idéia era ficar pouco mais de cento e vinte horas em Dubai na volta. Me falavam que exceder o prazo das noventa e seis horas implicaria em multas e black-list (três anos sem poder entrar no país). Tentei alterar as datas das passagens, avançar em um dia a ida e a volta do Paquistão. Não tinha jeito, sem vagas, só se e ficasse em Lahore até a véspera do meu embarque pra o Brasil e só retornasse a Dubai por algumas horas. Sem chances! Eu queria conhecer melhor Dubai e definitivamente não pretendia me arriscar por mais do que três dias no Paquistão. Foi quando conversei com a Cintia, brasileira casada com um paquistanês que mora em Lahore, e expliquei a situação difícil em que me encontrava... foi quando vi como eram essenciais bons amigos e muita vontade. É a velha estória: “quando se quer muito algo, o universo conspira a seu favor”. Coincidentemente, o marido dela estava lá na mesma época, e o guri foi muito gente boa. O cunhado que mora lá com a irmã dele é empresário e tem contatos com empresas de origem paquistanesa com filiais em Dubai. Resumo da ópera: descolei um visto de entrada para Dubai de TRABALHO! (rs) Essas pessoas foram absurdamente gentis comigo. Quando eu penso que pude contar com o apoio de gente que não me conhecia pessoalmente, mas que fez de tudo para que eu me sentisse bem e segura volto a ter esperanças na humanidade. (rs) Pode parecer piegas, mas com tantos conflitos que existem por questões culturais e religiosas no mundo, é legal saber que existem sim muitas pessoas legais, dos mais variados lugares, costumes, que superam as diferenças e olham o outro literalmente como “o próximo”. Eu me senti acolhida.
Alguns dias antes de eu viajar, o marido da Cintia veio me buscar pra resolvermos a questão do visto. Nos encontramos, 'viajamos' até um emirado próximo onde moravam seus parentes, Sharjah (um lugarzinho quente pra c@#$%&%, que segue estritamente os costumes islâmicos – não tem tanta abertura como Dubai -, cheinho de gente esquisita (rs), com ruas de areia e prédios antigos onde as pessoas moram apinhadas). Depois de cerca de uma hora de estrada, milhões de pedágios e paradas em lugares que eu não saberia definir, chegamos em Sharjah, paramos em um shopping center lindo, que contrastava com toda paisagem ao redor e compramos Mc Donald´s pra comer com toda a família... ahn? Pois é, de lá fomos ao apartamento da irmã e do cunhado, uns fofos, com duas crianças paquistanesinhas lindas, fofas e espertíssimas. Na entrada dou de cara com um senhor de barba longa e laranja, que me olha com espanto (cada uma! E eu que sou esquisita!?). Imediatamente, me arrastam pra dentro do quarto, onde eu fico brincando com uma das crianças e conversando com a mulher. Depois de algum tempo me chamam pra almoçar na sala. O velho tinha ido embora e, pelo que entendi, era um scholar dando aulas sobre o Corão para a menina mais velha. Sentei pra comer com as crianças, quando de repente a porta do quarto se abre, num primeiro momento não notei, só depois que percebi que havia uma webcam apontada em minha direção, simplesmente registrando eu comer... quase tive um troço. Tenho pavor de ser observada, ainda mais comendo... aff Vem a cunhada da Cintia sorrindo me explicando que a mãe, no Paquistão, estava querendo me ver e que, portanto, ele havia ligado a câmera para que a curiosa senhora apreciasse a visão. Engasguei... respirei fundo, olhei pra webcam, sorri, dei tchauzinho e relaxei... Meu lema é: tá no inferno, abraça o capeta... bem, durante essa viagem tivemos que nos confraternizar bastante (rs). No fim das contas foi um dia inusitado, maravilhoso e incrivelmente divertido. Conheci um outro emirado – Ajman -, onde fumei sheesha num café árabe ao lado de uma mesquita linda e onde pude observar alguns 'clubes' frequentados por muçulmanos “não muito ortodoxos”, que são tolerados na região. Morri de calor dentro de uma lan house no meio do deserto, cujo dono desligava o ar-condicionado a cada 10 minutos ligados e mantinha desligado por mais 30 minutos até que o local virasse um forno, porque queria economizar na conta de eletricidade. Resolvi minhas pendengas com a imigração e consegui meu visto bonitinho de trabalho. Fiz compras no mercado indo-paquistanês local. Jantei num restaurante libanês delicioso na estrada para Dubai (graças a deus consegui me concentrar na fome e não fiquei imaginando a cozinha) e, por fim, conheci um casal de amigos da família, que morava num prédio cujo elevador era à manivela e sem porta... aventura, aventura! Ahhh, e quase esquecendo, conheci também os vizinhos indianos da família da Cintia, que comemoravam o Diwali (festival das luzes)... bando de mulheres tagarelas e simpáticas que me ofereceram um biscoito em forma de estrela de gosto indefinido e um copo com um líquido rosa que imaginei ser “quick, faz do leite uma alegria” que coloquei pra dentro e quase coloquei pra fora quando senti dezenas de macarrões transparentes sambarem na minha língua... realmente passei mal quando me informaram: leite de rosas (juro que eu pensava que isso era creme de limpeza pro rosto! * choro*). Enfim, voltei pra casa cansada e feliz. Minha amiga surpresa de me ver viva. (rs)
Embarquei para Lahore na noite do dia seguinte. Não sem antes passar o dia entre ocupada com os últimos preparativos e num estado lamentável de nervos, pensando em todas as desgraças que poderiam acontecer e refletindo sobre o choque cultural que eu havia vivenciado no dia anterior e que trauma maior eu ainda estaria por enfrentar (rs). Durante o dia falei com ele algumas vezes... diferentemente de sempre não conseguia encerrar as conversas com um tranquilo “eu te amo”, era sempre com um perturbador “eu AINDA te amo”... muito medo de deixar de amar, assim, instantaneamente, na hora que o olhasse nos olhos... e tal medo só não era maior que o medo de que a recíproca fosse verdadeira. Sair da idealização era um passo importante, mas nada fácil... E assim, no dia 30 de outubro, às 11.30 da noite eu embarcava pra Lahore. Como nada na vida pode ser fácil, nem preciso dizer que foi uma verdadeira maratona...literalmente...chegando no check in sabe-se lá o motivo, me deixaram esperando cerca de uma hora, depois de terem embarcado as minhas malas, quando eu já estava entrando em desespero com medo de perder o vôo, me chamaram pra entregar o cartão de embarque, depois de uma fila quilométrica pra passar no raio-x foi que me dei conta que o meu portão era o 200 e tralalá e eu me encontrava no marco 0 daquele aeroporto gigantesco, corri, corri com toda a energia que me restava... de vestido, sandálias, uma bolsa mega pesada e quilos de panos sobre os ombros... depois de 15 a 20 minutos correndo insanamente, cheguei ao embarque, com as portas do avião quase fechando, eu quase desmaiando, vermelha, encharcada de suor, nauseada, dolorida e sem um pingo de forças para sequer praguejar...em 10 minutos o avião decolava rumo a Lahore...fiquei em êxtase quando cerca de duas horas depois li Cabul na tela de acompanhamento do vôo... chegaria a Lahore em pouco tempo...
8 comentários:
Só a Mariyah, para entrar em êxtase ao ler Cabul na tela. Eu teria um colapso nervoso.
Será que falamos daquela Cabul, capital daquele pais que esta sempre quentinho com tantas explosões???
Sua doida, depois eu que sou pirada neh!
Xoxo
Ci
uhahahah
to imaginando a cena vc correndo q nem uma doida... = )
se essa novelesca mexicana virasse livro ia ser best seller gata! hehehehehe
Ai Ai Ai girl..
o q uma pessoa in love não faz né?? ; )
MEU,o portao 200 e pouco e vc na estac 0????Eu quase andei descalca pra chegar do 200 ao 214,cheguei em frangalhos,credooooo,q aerorpoto grtande da P.
To rindo e desesperada pra vc escrever o proximo post logo,mas logo eh logo,muita ansiedade pra ler do encontro.
Ai, quero muito ler o próximo, que aflição =(
Eu querooooooo
ai q aflição mesmo....
to tão encantada com essa história, q eu me reporto a cada lugar citado...emocionante...
queremos maaaais!!
"muito medo de deixar de amar, assim, instantaneamente, na hora que o olhasse nos olhos..."
penso nisso todo dia e me desespero...
Hahahahahahaha! Ilário quando disse: "se está no inferno, abrace o capeta" ... kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
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